Chore pelo Mário. Chore mesmo. Fique bem triste com a morte do Mário. Porque é uma grande perda. Porque é uma pena o Mário ter morrido. Quem conheceu o Mário vai me entender e quem não o conheceu, apresento agora, não o Mário de todo mundo, o meu Mário. Mário Nelli. Quando ele chegava, chegava junto a gentileza, o cavalheirismo, a educação. Eu olhava e pensava que um dia ainda casava com ele, mas teria que concorrer antes com a maioria das meninas da minha escola primária.
Quando no recreio, jogando queimada, a gente cantava: “Não me toque, não me rele, sou mulher do Mário Nelli!” Ele nunca soube e se soubesse, responderia ao nosso amor platônico com aquele sorriso de sempre, com aquela calma de sempre. Um lorde. Um professor. Um maestro.
Tanta coisa sabia o Mário, tanta lembrança maravilhosa ele deixou!!! Você que é santa-cruzense e frequentava os bailes do Icaiçara e do Clube dos XX, sabe do que eu estou falando: o Mário tinha um repertório gigante e sabia do que a gente gostava, sentia o clima do salão e ia desfilando as suas músicas, aproveitando para aproximar os casais, fazer levantar quem ainda estava sentado… um mestre.
Se você estivesse na presença do Mário, ele te faria sentir-se muito especial e era isso que eu sentia. Ele dizia ao microfone: “Essa música vai pra Kali, aquela menina ali de azul…” E todo mundo olhava! O baile era só meu, ou só da Rosely, ou só da Sandra, ou só da Beth… Essa era a mágica do Mário.
Ele tocou no meu casamento. Eu pedi e ele tocou. Fez isso sorrindo e o fez por carinho.
Quando ele fez oitenta anos, eu escrevi um poema para ele e graças a Deus pude fazer chegar a ele, através do seu sobrinho, Marcelo Nelli e foi também, graças a Deus que pude depois, declamar esse poema ao próprio Mário, no nosso último encontro. Ele adorou. Me agradeceu. E sorriu. Lindo, ele.
Mário foi professor de muita gente e essa gente hoje deve estar triste como eu. E é para ficar mesmo porque o Mário morreu. Amanhã eu vou rezar por ele, vou agradecer a Deus pela vida dele, que foi grandiosa, feliz e cheia de música; música que ele dividiu com todos nós. Vou pedir a Deus que o receba e que os anjos cantem para ele.
Hoje não. Hoje eu estou muito triste. Porque o Mário morreu. E o Mário merece que eu fique triste por estar num mundo que não tem mais ele.
Muito triste.
Deixe um comentário