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Padre João Domingos Figueira – IV: uma outra mulher

A herdeira legatária Rozalia de Tal

Nada se sabe, com segurança, a respeito da Rozalia ou Rosaria que figurou herdeira legatária do padre João Domingos Figueira.

Pesquisa anterior a 2015 apontava para uma Rozalia, escrava do padre Figueira, como sua possível companheira, embora casada fosse com Miguel, escravo no mesmo plantel.

Levantamentos posteriores, por antigas memórias de descendentes de famílias pioneiras, descartou-se a primeira, mulher de Miguel, apontando outra Rozalia ou Rosaria, negra ou parda, barregã do reverendo vigário nos seus últimos anos de vida, nascida em Cabo Verde-MG por volta de 1846, batizada pelo próprio padre Figueira (Livro 1809/1859: 60).

Rozalia, por informações, teve uma filha com o padre Figueira, já descrita, por nome Maria Bernardina, falecida a 02 de setembro de 1889, informada “filha natural do finado Padre João Domingos Figueira” (Cartório de Registro Civil – SCR. Pardo, Livro C-1 nº 122: 41), sem constar o nome da mãe, porém, em assento eclesial de óbito, de 02 dos mesmos mês e ano, consta ‘filha de pais incógnitos’ (Livro 1883/1897: 35). Maria, sem descendentes, faleceu antes da mãe que figurou herdeira legatária do padre em lugar da filha.

— Evidente que Rozalia, se escrava, não figuraria no rol de herdeiros legatários do padre João Domingos Figueira; Batistinha, por exemplo, teve filhos do padre e apenas estes entre os beneficiados por herança, não a Batistinha nem os filhos dela que seriam ‘irmãos maternos’ dos descendentes do padre.

Justificativas para ausências de documentos das mães

O padre João Domingos Figueira tinha em sua fazenda cemitério particular, mencionado em uma de suas cartas ao Bispado de São Paulo: “(…) quando a provisão q tenho de cemiterio para minha fazenda (…).” (Cartas do padre João Domingos Figueira, 1862, ACMSP – CD: A/A). 

Rompido com o padre Andrea Barra, vigário de São João de São Domingos (Cartas op.cit, 1862), o reverendo João Domingos Figueira mantinha oratório particular onde realizava suas devoções e, eventualmente, cerimônias familiares e privadas, como exemplo o ato de batismo em 1867, atestado pelo vigário santa-cruzense, Bartholomeu Comenale, em 1893 (SCR. Pardo, Livro de Batismos de 1873/1896: 150). Em 1867 Figueira não tinha autorização oficial para celebrar atos religiosos na Capela de Santa Cruz do Rio Pardo.

Exceto alguns relatos informados ou transcritos, nenhum assento eclesial – cópia do original de ato religioso ministrado e assinado pelo padre Figueira, em seu oratório particular, chegou aos dias atuais.

—Dos livros dos assentos eclesiais de Cabo Verde-MG, não localizado o de número oito, cujos registros lançados nos tempos do padre Figueira por lá vigário colado. Consulta noutro livro de registros do lugar, entre os anos 1809/1859: 55 em diante, constam assentos feitos posteriormente às pessoas interessadas, por informações comprovadas por testemunhos, estranhamente coincidente com o período que nasceram os mineiros cabo-verdenses – os primeiros legatários do reverendo, e, alguns, até, provavelmente se casaram na localidade.   

Não restam dúvidas que os legatários do padre João Domingos Figueira eram seus legítimos filhos.

Quando e onde as mães dos filhos do padre faleceram ou findaram seus relacionamentos com ele? Ora, se calados os documentos nada se pode historicamente pressupor, por mais atiçadores que sejam os segredos.

Aparentemente o padre Figueira relacionava-se bem com os filhos brancos: João Bonifácio, Benvinda e Marianna, com os respectivos cônjuges, o padre presente em batizados de alguns netos, como batizador ou padrinho. Já a convivência com os descendentes pardos pareceu mais conflituosa, talvez em razão do padre manter a progenitora deles, Batistina ou Batistinha, sempre no rol de escravos, assim como o irmão materno Jeremias, ato certamente imperdoável para José, Antonio e Maria Inocencia.

O padre Figueira no contexto histórico santa-cruzense

 Nenhum juizo de mérito, por parte dos autores, quanto a vida particular do reverendo padre João Domingos Figueira, se conhecida ou desconhecida dos santa-cruzenses da época, a importar somente ter sido ele o grande nome na formação histórica de Santa Cruz do Rio Pardo, ao lado de Manoel Francisco Soares, e suas cartas, referentes ao ano de 1862, revelam, inconteste, a origem local.

Sem a presença do padre Figueira no início da formação de Santa Cruz do Rio Pardo, com todos os desdobramentos consequentes, a história não seria esta; impossível imaginar, a história não registra impossibilidades e sim tentativas e feitos, independentemente do ocultamento desejado ou que melhor fosse.

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Contato: pradocel@gmail.com    

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