Para dar início ao assunto veganismo e alimentação à base de plantas, farei um breve panorama histórico do movimento, onde e como surgiu, a definição de veganismo e como é o contexto dele aqui no Brasil.
Há registros de alimentação estritamente vegetal datados de 3300 a 1300 antes de Cristo na Civilização do Vale do Indo passando pela Grécia e Roma antiga. O veganismo como conhecemos hoje surgiu em agosto de 1944 com a fundação da The Vegan Society, a primeira e mais antiga associação vegana do mundo.
O termo foi cunhado por Donald Watson e Dorothy Morgan que eram membros da sociedade vegetariana do Reino Unido. Watson e Morgan não concordavam com o consumo de leite e seus derivados e decidiram fundar a sua própria associação junto com outros membros que compartilhavam do mesmo pensamento.
A definição mais utilizada é a que foi cunhada pela The Vegan Society: “Veganismo é uma filosofia e estilo de vida que busca excluir — dentro do possível e do praticável — todas as formas de exploração e crueldade contra animais na alimentação, vestuário e qualquer outro propósito.”
Note a parte que diz “dentro do possível e do praticável” que fiz questão de deixar destacada. O destaque é necessário para aqueles que acham que veganos são radicais por optarem por esse estilo de vida.
Muitas falsas premissas são ditas e espalhadas sobre o veganismo, por exemplo, de que veganos não se vacinam e não tomam remédios.
E isso é mentira.
Radicalismo existe em qualquer grupo da sociedade: esporte, religião, política. Não se pode pinçar os casos extremos e usá-los como símbolo daquele grupo como um todo. Com possível e praticável também não quero dizer que exceções podem ser feitas ao bem entender quando convém, por exemplo, consumir carne quando sentir vontade.
Esse trecho da definição quer simplesmente dizer que existirão situações e cenários, onde não será possível optar por algo livre de crueldade e sofrimento animal, e nesse caso, não há problema, como o exemplo dos medicamentos e vacinas que já citei. É importante esclarecer esse ponto que gera muita confusão nos recém- chegados ao veganismo e também para aqueles que gostam de distorcer fatos para gerar conflito.
Ao longo do tempo, o veganismo começou a atrair a atenção de cada vez mais pessoas que começaram a aderir a esse estilo de vida.
Nos anos 60 e 70 o veganismo era considerado um movimento de contra cultura. Por conta do crescimento de adeptos, começou a despertar também o interesse científico sobre o tema e os estudos sobre uma alimentação totalmente vegetal começaram nas décadas seguintes.
Nos anos 80, o movimento punk, muito ligado a música e a ideologia contra regras e governos, simpatizou-se com o veganismo, e se tornou um dos maiores divulgadores desse modo de viver livre de crueldade animal.
Na década de 90 e 00 o interesse do público geral começou a aumentar sobre o assunto. Celebridades, esportistas, políticos, e pessoas com grande influência adotaram ao estilo ao longo dessas décadas. A partir de 2010 que houve o crescimento expressivo no número de adeptos.
Estudos foram divulgados mostrando os benefícios para a saúde e meio- ambiente de uma alimentação 100% vegetal e o mercado de produtos veganos disparou. Como a tecnologia havia avançado muito, foi possível criar produtos análogos aos de origem animal, feitos somente com plantas.
Carnes, queijos, iogurtes, leites, e outros produtos totalmente vegetais foram criados e foi um sucesso de vendas. O sucesso não aconteceu por conta dos veganos e sim do público consumidor padrão que adotou essas opções nas suas refeições em busca dos benefícios que uma alimentação à base de plantas trazia.
Esse foi um marco para o mercado, já que não havia tanto investimento anteriormente por ser tratar de um nicho muito pequeno, mas que, com a adesão do grande o público, se tornou interessante comercialmente. Além de marcas novas, grandes empresas tradicionais criaram suas linhas de produtos veganos e redes de fast food globais também incluíram opções veganas em seus cardápios ao redor do mundo.
No Brasil aconteceu o mesmo que nos outros países: a partir de 2010 houve um crescimento expressivo de adeptos e novos consumidores de produtos veganos.
A Sociedade Vegetariana Brasileira realizou uma pesquisa em abril 2018 junto ao IBOPE e revelou que 14% da população brasileira se declarou vegetariana. São aproximadamente 30 milhões de pessoas!
Não há dados colhidos sobre o número de veganos, mas extrapolando dados de pesquisas de outros países, é possível supor que poderiam ser 7 milhões de pessoas veganas entre os 30 milhões de vegetarianos.
Esse foi uma rápida introdução e panorama sobre o veganismo e alimentação à base de plantas.
Nos próximos artigos irei falar sobre os motivos que levam alguém a aderir uma alimentação vegana, quais são os benefícios desse estilo de vida e outros assuntos relevantes sobre o tema.
Se você tiver dúvidas ou sugestões de assuntos para publicação deixe nos comentários abaixo.
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Fontes:
https://vegan.org/about-veganism/
https://www.vrg.org/nutshell/vegan.htm
https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism
https://en.wikipedia.org/wiki/Veganism
https://pt.wikipedia.org/wiki/Veganismo
https://www.veganism.com/what-is-veganism/
https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/mercado-vegetariano
https://veganismo.org.br/veganismo/
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