Está chegando a hora dos nossos políticos saírem dos seus covis e começarem a “abraçar” crianças, visitarem favelas, atravessarem vielas, apertar as mãos de todos, mesmo em tempo de pandemia.
A matilha corre atrás do voto do povo simples e sofrido, que é lembrado de dois em dois anos. A cada dois anos um estranho fenômeno gastronômico se repete no nosso Brasil. Tudo quanto é político aparece na mídia comendo pastel de feira, acompanhado com um bom caldo de cana. Aqui é bom ressaltar que, passada as eleições, os pastéis são desprezados durante o resto do ano, até às próximas eleições, porque essa corja na verdade gosta é de se esbaldar de camarões, ao ponto de passarem mal e chamarem o médico que estava de férias fora do país. E a conta, quem paga? Os favelados, das vielas e barracos sem saneamento básico, ou seja, todos nós.
De dois em dois anos, a história bem particular se repete nas cidades brasileiras, vários políticos de diversas ideologias e partidos saem às ruas em passeatas, em busca do “calor humano”. Calor humano subentende-se voto, o voto que não é apenas o exercício da cidadania e democracia, o voto é o exercício de um poder. Reparem que essas passeatas sempre terminam em algum mercadão ou feira livre em que o candidato se delicia com um pastel, que geralmente é acompanhado de caldo de cana. Esse engraçado fenômeno, que os fanáticos partidários podem chamar de coincidência, chamou a atenção das redes sociais que sempre destacam através de memes os candidatos a importantes cargos do país, no meio do povo saboreando um simples pastel. Algumas páginas de humor enfatizam que um candidato que nunca é flagrado comendo pastel na feira não tem nenhuma credibilidade para ganhar qualquer tipo de eleição.
Agora, este ano, graças ao excelentíssimo presidente da república, Jair Bolsonaro, junta-se ao cardápio “caça votos”, frango com farofa. Foi esta cena patética que vimos no dia 30 de janeiro último, protagonizada por um ator medíocre, o senhor Jair Messias Bolsonaro. Tudo aconteceu em Brasília, quando o presidente/ator, visitou uma barraca de frango assado com farofa, comendo o frango com as mãos, derrubando farofa na roupa, no chão e falando com a boca cheia. O objetivo de tudo isso é o associar à figura do presidente e dos comedores de pastéis com caldo de cana ao homem comum, simples, humilde, ou seja, povo.
Mas fique atento como nossos políticos não conhecem o povo, por que para eles o homem comum é porco, assim como o presidente deu a entender ao visitar a barraca de frango assado. Não, senhor presidente, o povo não é porco, o pobre não é porco. Porco é vossa excelência, que não sabe comer frango assado com farofa e nem camarão. O homem comum, humilde e pobre, não é porco, não é ladrão, não se alia com milicianos, com criminosos. O homem comum, o povão, que os nossos comedores de pastéis e de frango assado querem imitar, é completamente diferentes do que vocês pensam e completamente diferente do que vocês são.
O povo Brasileiro é honesto, trabalhador, solidário, cumpre com seus deveres, paga os seus impostos em dia, respeita a lei. E mais uma coisa, senhores comedores de pastéis e frango assado, o homem comum, o povo brasileiro, está vivendo na miséria, os números dos moradores em situação de rua cresceram em 100% em muitas cidades nos últimos anos. Não comem mais frango assado e muito menos pastel.
Por isso, canalhas caçadores de votos, mudem o enredo de vocês. Sugiro irem à noite às praças públicas comerem as famosas quentinhas distribuídas por muitas instituições religiosas, porque nem isso, as quentinhas, vocês oferecem para o homem comum que passa fome. Vocês só exploram e lembram do povo de dois em dois anos em busca de seus próprios interesses.
E todos nós, cidadãos de bem, não caíamos no golpe e reflitamos bem esta frase célebre de Eça de Queiroz: “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”
Abraços,
Frei Edmilson
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