A campanha Setembro Amarelo, que chama atenção para a valorização da vida e a prevenção do suicídio através de ações entre a comunidade e palestras, se encerra no fim deste mês. O assunto, porém, deve ser recordado ao longo de todo o ano, como destaca a neuropsicóloga Luciana Camilo Lima Imparato, 42.
Para a profissional especializada em psicopedagogia, falar sobre suicídio ainda é um tema considerado tabu. “Muitas pessoas têm medo de rótulos preconceituosos ao buscarem ajuda. Por isso, é essencial discutir essa questão para que aqueles enfrentando crises busquem ajuda e compreendam que a vida é sempre a melhor escolha”, enfatiza.
Luciana destaca o papel do Centro de Valorização à Vida (CVV), um projeto que fornece apoio emocional e prevenção do suicídio. O CVV pode ser contatado por telefone (188), e-mail ou chat 24 horas todos os dias da semana.
A depressão é um transtorno que pode ter diversas causas, como o fator de risco temperamental, ambiental e genético.
De acordo com a profissional, os familiares de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo maior têm risco duas a quatro vezes maior de desenvolver a doença que a população geral. Luciana pontua que há situações que podem desencadear depressão, como:
Além disso, a entrevistada ressalta que as experiências adversas na infância, particularmente quando existem múltiplas experiências de tipos diversos, constituem um conjunto de fatores de risco potenciais para transtorno depressivo maior.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), os transtornos depressivos são divididos em categorias para facilitar o diagnóstico.
Entre as classificações, estão o transtorno disruptivo de desregulação do humor, transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento, entre outros.
“A característica comum entre todos é a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações cognitivas que afetam a capacidade de funcionamento do indivíduo”, destaca a psicóloga.
Na infância, mudanças no comportamento, irritabilidade, choro excessivo, dificuldade em se concentrar, insucesso em obter o ganho de peso esperado e queda no rendimento escolar podem ser considerados os primeiros sinais.
Quanto à juventude, a psicóloga indica atenção maior ao comportamento de isolamento social, mudanças de humor, desinteresse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e apetite.
Já na fase adulta são classificados como sinais de depressão um humor deprimido na maior parte do dia ou por observação feita por outras pessoas, perda de interesse e prazer, perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta, Insônia ou hipersonia quase todos os dias, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração, pensamentos recorrentes de morte.
“É importante ressaltar que esses sinais podem variar em intensidade e forma, mas geralmente refletem o estado emocional e comportamental do indivíduo”, destaca a entrevistada. Caso houver identificação de sinais, recomenda-se buscar ajuda de um profissional psicólogo ou psiquiatra para avaliar e tratar.
Em Santa Cruz do Rio Pardo, segundo informações da prefeitura, todas as unidades básicas de saúde têm ao menos um profissional de psicologia. No total, são quatro psiquiatras e sete psicólogas contratados pelo município.
Os atendimentos são feitos através de grupos de prevenção e promoção à saúde mental, além de consultas individuais de psicoterapia direcionadas a todas as faixas etárias.
De acordo com Elaine Nardo, secretária de saúde da cidade, os casos mais complexos são discutidos em reuniões de rede, com periodicidade mensal, em que participam profissionais das áreas de saúde, assistência social, educação e Conselho Tutelar.
“O objetivo é discutir as políticas públicas para cada região e os casos mais complexos, que exigem ações intersetoriais. Além disso, os profissionais elaboram planos terapêuticos singulares (PTs) a fim de definir ações específicas nos casos que exigem maior atenção e cuidado”, destaca a secretária.
Para tratamentos dos transtornos mentais graves e persistentes, Elaine complementa que o município oferece uma equipe completa através do CAPS I e CAPS AD.
“Temos grupo de pais para desenvolvimento de habilidades parentais, grupo de crianças com dificuldades de leitura e escrita, grupos de adolescentes e grupos de mulheres com quadros de ansiedade e depressão, grupos de idosos, inclusive para aqueles que estão em processo inicial de demência”, conclui a profissional de saúde.
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