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As antigas praças e largos santa-cruzenses

Antiga praça da Igreja Matriz/ foto: Acervo de Edilson Arcoleze Ramos de Castro

 

‘Largo’ era área pública de circulação, servindo, muitas vezes, de atalhos entre ruas, e identificação de endereços ou ponto de referências, enquanto ‘praça’, espaço público ajardinado, destinado ao descanso e congraçamento de famílias, com bancos, passeios e coreto para apresentações culturais. Em regra, ainda são assim, não excluindo as áreas particulares para o mesmo fim

Os largos e as antigas praças santa-cruzenses, algumas ainda atuais, foram as seguintes:

  • Praça Santa Cruz: nas proximidades do cruzamento entre as atuais vias públicas ‘General Ozório [Rua 5] e Barão do Rio Branco [Rua 2]’, onde existia a ‘Capela de Santa Cruz’, demolidas em 1926 a praça e a igreja.

— Contada entre as três mais antigas praças urbanas de Santa Cruz, durante algum tempo, também foi denominada Praça Barão ou Visconde do Rio Branco.

—Bem antes dos arruamentos, Crônica de 1887, (Almanach para a Província de São Paulo, 1887: 542-549), refere-se que o pioneiro-mor santa-cruzense, Manoel Francisco Soares, erguera “uma cruz de madeira, que orgulhosamente se ostentava na beira do terreiro de sua habitação”, a permitir depreendimento que lá, onde existiu a Praça, tenha sido o lugar onde a cruz erigida.

  • Praça Conselheiro Ruy Barbosa: assim mencionada em 1909 (Lei Municipal 143 de 03/11/1909) e depois Major Antonio Alóe.

—A Lei Municipal nº 21, de 16 de abril de 1937, desapropriou parte do imóvel do advogado Celso Vieira, à Rua Saldanha Marinho, nº 282, para anexação à Praça Rui Barbosa, existente (Correio Paulistano, 23/06/1937). 

—Tradições indicam que esta praça existiu desde o início de Santa Cruz do Rio Pardo, sem denominação, até que lhe foi dada por nome ‘Conselheiro Ruy Barbosa’.

—Nos tempos da servidão, antes de ser oficialmente denominada, os escravizados enfrentavam publicamente o tronco, assim como os praticantes de crimes aguardavam ali, amarrados, o destino para as cadeias de São Domingos, Lençóis Paulista ou Botucatu, até que a localidade, em 1875, foi provida de cela provisória para seus detentos.

— A Praça teve calçamento com paralelepípedos em seu entorno, no ano de 1937, quando prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo o professor Joaquim Silverio Gomes Reis (1937/1938), e o local, por muitos anos serviu de ‘feira dominical’ para vendas e compras de produtos hortifrutigranjeiros.

  • Praça Anchieta: conhecida como ‘Praça da Matriz’ ou ‘Largo da Igreja’, já existente ou feita junto em 1862, quando concluído o primeiro templo religioso, situada entre as atuais Rua Dr. Alziro de Souza Santos, Avenida Tiradentes e a Rua Benjamin Constant, limitada por imaginário prosseguinte da Travessa [do] Manoel Herculano; a Praça seria, depois, ampliada e sob o nome de ‘Praça Marechal Deodoro’, depois ‘Deputado Ataliba Leonel’, voltando ao nome anterior até a atual ‘Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio’.

—A nominação Praça Anchieta foi posteriormente transferida para defronte o Colégio Companhia de Maria e, hoje, é a pequena Praça defronte à Igreja Católica Santa Cruz, propriedade eclesial, na Vila Mathias.

  • Largo da Matriz: propriedade da Igreja, somente passou a existir no tamanho atual a partir de 1902, quando o território da atual Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio, com propriedades particulares e do Estado, foi agregado à Igreja, com o nome de ‘Praça Marechal Deodoro’, e, aos 24 de maio de 1924, teve denominação alterada, durante algum tempo, com a “inauguração da placa nominativa da PRAÇA ATALIBA LEONEL antiga Largo da Matriz, assim mudado pela Câmara em honra do prestigioso chefe e amigo de Santa Cruz.” (A Cidade, 31/05/1924: 1).

—A então Praça Ataliba Leonel tornou-se Praça João Pessoa – Lei Municipal 458, de 15/01/1931, para, pouco depois voltar à denominação Marechal Deodoro, hoje Dr. Pedro Cesar Sampaio.

  • Largo da Independência: hoje inexistente, com raras citações, no início da atual Rua Marechal Bittencourt. 

  • Largo do Jardim: existente desde os primórdios de Santa Cruz, documentalmente citado em 1890 citado como Largo da Liberdade (Livro de Alistamento de Eleitores para Santa Cruz do Rio Pardo), até quando a inauguração do jardim público aos 07/09/1904 (Correio Paulistano, edição de 12/07/1904: 2), com a denominação Praça da República, e o nome Liberdade levado ao Largo de Santo Antonio, conforme citação em Lei Municipal nº 143, de 03 de novembro de 1909. 

—O Jardim foi projetado pelo engenheiro da municipalidade dr. Lars Swenson, vinculado aos Sodré, sob a denominação Praça da República, posteriormente remodelada pelo autodidata Américo Roder nos anos de 1930, inclusive o coreto, no governo municipal de Abelardo Pinheiro Guimarães – 1930/1935 (Debate, 15/02/2015 – Caderno D); em 1977 a Praça da República, sob a administração de Aniceto Gonçalves (1977/1982), teve sua denominação alterada para Praça Deputado Leonidas Camarinha – Lei Municipal nº 746, de 14 de dezembro de 1977; e, ainda na administração Aniceto Gonçalves foi ela remodelada em maio de 1981. Ao longo de décadas a Praça teve sofreu reformas de manutenções necessárias, inclusive, na administração Onofre Rosa de Oliveira (1983/1988) colocações de sanitários, retirados pelo governo Adilson Donizeti Mira (2001/2008). 

  • Largo Santo Antonio, propriedade da Igreja, tornou-se a Praça da Liberdade e depois Praça Domingos Gabriel, onde a Igreja de São José.

  • Largo do Rosário, propriedade da Igreja, destinado aos afrodescendentes e afro-brasileiros, teve nome alterado oficialmente para ‘Praça Coronel Marcello Gonçalves de Oliveira’, depois ‘Praça 13 de Maio’ – mais conhecida por ‘Largo São Benedito’, até sua denominação atual, ‘Praça Otaviano [Octaviano] Botelho de Souza’, pela Lei Municipal nº 689, de 14 de abril de 1976. Ainda hoje, em 2022, é comum chamá-la de Largo São Benedito, onde um magnífico templo religioso.

  • Praça Coronel Antonio Evangelista da Silva, particular, mencionada na Lei Municipal nº 274, de 17 de outubro de 1919, como O Largo fronteiro ao Grupo Escolar, que divide com as Avenidas Tiradentes [fundos], Silva Jardim, eruas Marechal Bittencourt e Benjamin Constant [frente], chama-se Praça Cel. Antonio Evangelista da Silva.” 

—Teve expropriação legal para utilidade pública, isentando os descendentes do coronel Antonio Evangelista da Silva dos impostos sobre os terrenos, e dando-lhes, por permuta, com os terrenos municipais no antigo cemitério confinados pelas avenidas Silva Jardim – atual Dr. Cyro de Mello Camarinha – e Baptista Botelho, entre as ruas Quintino Bocaiuva – atual José Epiphanio Botelho e Euclides da Cunha (Lei Municipal nº 419, 30/12/1927).

—A praça expropriada foi dividida em lotes alienados a particulares.

  • A cidade tinha também o ‘Beco do Coronel Moyses Nelly’, chamada ‘Travessa da Cadeia Velha’, depois oficialmente ‘Travessa Manoel Herculano’, nome substituído por ‘Travessa 23 de Maio’ em homenagem aos estudantes paulistas, ‘Martins, Miragaia, Drausio e Camargo – o MMDC’, numa manifestação anti-Vargas em 23 de maio de 1932, estopim para a Revolução de 1932, porém retornando ao antigo nome, ‘Travessa Manoel Herculano’, pela Lei Municipal nº 46 de 22 de dezembro de 1949, homenagem ao morador Manoel Herculano Leite.

—A referência ‘Travessa da Cadeia Velha’ se deu que, por algum tempo entre a desativação da cadeia de madeira (1895) e inauguração de novo edifício para aquele fim (1901), os presos foram abrigados numa casa de esquina pertencente a Manoel Herculano Leite, na dita travessa (DOSP, 29/03/1896: 3).

As praças e largos sob responsabilidades da Igreja Católica, onde edificados seus templos, foram remodelados por José Acácio dos Santos, projetista, segundo memórias referentes à Praça e Matriz nos anos 1960.

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Dúvidas: pradocel@gmail.com 

 

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