Você se lembra da primeira vez que viu a chuva? E as nuvens? Será que alguém se lembra da primeira vez que sentiu ou ouviu o vento?
Acredito que não. Porque a chuva, as nuvens, o vento, bem como o sol e a lua sempre estiveram ali, sempre a nossa disposição. Assim se dá também com o cair da tarde e o romper do dia, numa repetição óbvia, precisa e cotidiana.
Por isso não nos lembramos da primeira vez e por isso esses fenômenos que, aos olhos infantis de um extraterrestre causariam espanto e deslumbramento, nos passam despercebidos.
Mas e se fosse a primeira vez?
Que palavras você usaria para descrever as nuvens de chuva, pesadas, sendo carregadas pelo vento e aquele momento em que ela “decide“ chover? E se chovesse pedra de gelo e você olhasse para ela com o mesmo olhar desse alienígena e se perguntasse: “Como assim?“
E se você, agora um homem da caverna, agarrado ao seu tacape flagrasse pela primeiríssima vez uma estrela cadente!? Qual palavra, qual seria a sua primeira palavra: “Nossa!!!“
Como somos mimados!
Somos tão mimados! Recebemos diariamente esses presentes e, como crianças mimadas, respondemos desinteressados: “mais um dia“.
Que tal se exercitássemos o olhar, um olhar infantil, inocente, curioso e nos perguntássemos de novo: Como pode haver tantas estrelas; como pode a tarde ser tão vermelha? Esse vento que está aqui agora, onde estará ventando amanhã? E essa chuva? De onde veio? Por que a nuvem resolveu chover bem aqui?
Perguntar como criança que ainda se encanta com o mundo e senta-se no colo do pai, olha para ele e quer saber:
-E se fosse a última vez?
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