Pense numa amiga que você não vê há décadas e de repente essa pessoa está de volta na sua vida. Aconteceu comigo.
Reencontrei a minha amiga da escola primária e nos abraçamos, depois de uns quarenta e cinco anos. Nesse abraço, o barulho do recreio, o corre corre no pátio para garantir o primeiro lugar na fila da cantina do Maria José Rios. Sopa de feijão da dona Alzira!!!
Nesse abraço, o som da pista de dança do Clube dos Vinte e os agora longínquos embalos de sábado à noite. O Zezão ligava o globo, o Bule nos cobrava juízo, seu Pepe nos vendia menta. Puro encantamento. Nesse abraço, quarenta e tantos anos depois, éramos mais uma vez duas meninas e talvez por isso mesmo nos demoramos nesse abraço.
O mesmo sorriso e o mesmo olhar. A mesma voz. Os mesmos gestos. Uma viagem ao passado. Ela deve ter me reconhecido também porque ficou tão feliz quanto eu e o abraço foi longo e apertado. Ela me fez lembrar de quem eu era quando menina e provocou essa saudade de mim mesma e eu creio ter provocado nela a mesma saudade.
-Eu achava que você era rica!
-E eu achava que a rica era você!
Quanto rimos! Quantos risos! Rimos disso e de tantas coisas mais das quais não nos dávamos conta quando crianças e nem de quanto a vida nos obrigaria crescer e sermos fortes. Ricas, muito ricas nós duas por termos uma à outra.
Ficamos ali, seguras naquele abraço como se naquele momento nada pudesse nos resgatar da felicidade.
Já aconteceu com você?
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