Eu acho muito engraçado, para não afirmar patético, que muitos julgam saber o que venha a ser comunismo. Mas tenho minhas dúvidas e creio que muitos estão equivocados. Bem, pelo pouco que estudei e compreendi, para existir comunismo em um determinado país, é necessário que se elimine a propriedade privada dos meios de produção, ou seja, o governo deve nacionalizar, como afirmam os americanos, ou estatizar, como dizem os europeus e nós, as fábricas, as indústrias, fazendas, empresas… Quem insiste em falar em comunismo na Venezuela atual creio que precisa se inteirar um pouquinho mais. Não existe na Venezuela nenhuma nacionalização desse tipo, aliás, no mundo todo, esse modelo já não conquista ninguém faz tempo. São pouquíssimas pessoas que acreditam que a abolição de uma sociedade de mercado é melhor do que a sociedade de mercado que temos, ainda que se possa e se deva, claro, criticá-la.
Embora Marx e Engels sejam apontados como os precursores do comunismo, os ideais de uma sociedade igualitária podem ser encontrados desde o período da antiguidade clássica. Em uma de suas obras mais importantes, intitulada “A República”, Platão formula um modelo de sociedade ideal, baseada na extinção da propriedade privada e da família. Segundo o filósofo, o fim da propriedade privada causaria o fim do conflito entre o Estado e o cidadão em particular, e a abolição da família teria como resultado uma maior devoção do indivíduo ao bem público. Mas voltando a Karl Marx e Friedrich Engels, “responsáveis” pelo nascimento do satanizado comunismo, para eles, em todas as épocas da história, a sociedade foi marcada por uma luta de classes, sendo essa relação caracterizada pelo antagonismo entre uma classe opressora e uma oprimida. Na sociedade capitalista, essas classes são representadas respectivamente pela burguesia, que detém os meios de produção e, por consequência boa parte da riqueza gerada, e o proletariado, que nada possui além da própria mão de obra, vendida como mercadoria ao proprietário do capital.
De acordo com a teoria marxista, os trabalhadores são tidos como uma mercadoria como qualquer outro artigo comercial, submetidos à concorrência e às oscilações do mercado. Nas fábricas, são amontoados e vigiados, tratados como servos da classe burguesa, do estado burguês e do proprietário da fábrica, que possui como único objetivo, o lucro.
O socialismo marxista propõe a abolição da propriedade privada, a socialização dos meios de produção, o fim da divisão de classes e a abolição da exploração do trabalho. Para Marx e Engels, quando a classe proletária fosse capaz de tomar consciência da sua situação e buscar uma organização de luta, assumindo o poder e administrando o sistema de forma justa e em prol de todos, as classes sociais seriam abolidas e com ela chegaria ao fim também o estado. A partir desse momento, a sociedade estaria preparada para o sistema comunista.
Para mim, governos de esquerda atuais são social-democratas. O PT, por exemplo, nunca foi um partido comunista, mas sim mal e porcamente um partido social democrata, que passou ao populismo de esquerda e por fim se prostituiu apaixonando-se pela corrupção.
Mas, você pode estar se perguntando: – E a Rússia, de Vladimir Putin? Coreia do Norte, de Kim Jong-un? Cuba, de Miguel Díaz e família Castro? Venezuela, de Nicolás Maduro?
Bem, eu os vejo como loucos, psicopatas e ditadores, que se apropriaram de algumas características do comunismo e impõem a ferro e fogo o que eles julgam ser o ideal, não para o país, mas sim para eles mesmos. Se os países acima mencionados fossem comunistas, segundo a concepção de Marx e Engels, seriam um países igualitários, sem misérias, sem classes.
Meu caro irmão, a ideia acima descrita de forma muito sucinta, pois o tema é para um ou vários livros, me leva a crer que o comunismo na sua essência, na fidelidade ao pensamento de Engels e Marx, não existe hoje, e se existiu entrou em extinção. Mas quem ainda está convencido que o regime dos países que dizemos serem comunistas é comunista e ponto final, ok, ok, todo mundo tem direito de opinar…
Parafraseando François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire: “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”
Abraços,
Frei Edmilson.
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