Frei Edmilson: “Fake News não é vírus! Vírus é quem propaga!”

Creio que todos já esperavam que o nosso mundo ia se tornar digital, não 100%, mas futuras gerações irão viver esta realidade. Hoje as reuniões são online, os encontros, virtuais, o trabalho, remoto. E no século 21, as mentiras também deixaram de ser analógicas. As brincadeiras saudáveis como 1º de abril, as cantigas das quadrilhas da festa junina: “olha chuva, é mentira, a ponte quebrou, é mentira…” foram desbancadas pela versão “moderna” das Fake News, disseminadas de forma instantânea pelas redes sociais para milhões de pessoas, todos os dias de forma impiedosa. 

Fake News – “Notícias falsas: quaisquer notícias e informações falsas ou mentirosas que são compartilhadas como se fossem reais e verdadeiras, divulgadas em contextos virtuais, especialmente em redes sociais ou em aplicativos para compartilhamento de mensagens.” (dicionário online)

O grande problema é que estas “notícias” não são inofensivas como as brincadeiras do dia da mentira ou a inocência cantada nas nossas quadrilhas juninas. As Fake News são as mentiras da era digital, que têm uma dimensão maior pela facilidade de divulgação por meio das redes sociais e do compartilhamento. 

Hoje, quatro em cada cinco brasileiros têm acesso à internet. Isso significa que mais de 75% da população brasileira está exposta às notícias falsas e às desgraças que elas podem causar.  As pessoas acessam e acreditam nas Fake News porque a linguagem utilizada nas mensagens é de fácil entendimento e com temas que fazem parte da pauta do dia. 

A grande dissimulação das Fake News é o de incutir “medo, desgosto, surpresa, revolta”, ao contrário das notícias verdadeiras que geram sentimento como “Expectativa, tristeza, alegria, derrotas”… De acordo com estudos feitos, as notícias falsas se espalham 70% mais rapidamente do que as notícias verdadeiras. Enquanto cada postagem verdadeira atinge, em média, mil pessoas, as falsas ganham adesão rapidamente, podendo chegar a 100 mil pessoas de forma veloz pelas redes sociais.

Discordo veemente do excelentíssimo presidente da república quando afirma: “Fake News fazem parte da nossa vida”. Não, senhor presidente. Fake News é crime. Se formos seguir o seu medíocre raciocínio, então amanhã podemos dizer que mentir, matar, abortar, fazem parte da nossa vida? Não, crime é crime e ponto final.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA? Bem, até o que eu sei no momento é que não existe uma lei vigente no Brasil para punir o uso e disseminação das Fake News. O que temos é o projeto de lei, já aprovado pelo Senado e agora em tramitação na câmara de deputados. O projeto trata de temas como a liberdade, a responsabilidade e a transparência na internet, com o objetivo de combater o crescimento das notícias falsas. 

Creio que não é fácil conter o avanço das Fake News, pois nossos políticos e legisladores usam muito dessa artimanha em benefício próprio. 

Ficar esperando que se faça justiça no Brasil é ter o dom da paciência, pois o Brasil até hoje não tem definição para a palavra justiça. 

Por isso sugiro três passos na tentativa de fazermos a nossa parte no combate a Fake News:

1º – Exigir dos provedores de internet que façam o controle, fiscalizem e retirem do ar as Fake News assim que identificadas;

2º – Existem páginas na web para consultar se uma notícia é verdadeira ou não. No Brasil, a agência Lupa, que também administra a plataforma “Fake ou News” em parceria com o Canal Futura e apoio da Google, foi a primeira organização especializada na checagem e combate de notícias falsas;

3º – Denuncie em grupos e páginas na web, todas as notícias que você receber como notícia falsa.

E vamos cobrar dos nossos legisladores que toda Fake News criada por alguém ou bem como aos demais que a compartilharam, possam responder civil e penalmente pelo delito cometido. 

Mesmo o Brasil sendo lento demais na promulgação das suas leis, moralmente Fake News é crime e fere o 8º mandamento da lei de Deus: “Não levantar falso testemunho”