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Frei Edmilson: “Porque você é pó, e à lama voltará”

 

Dia 25 de janeiro de 2019. Cinco técnicos em sondagem e perfuração estavam no penúltimo degrau da barragem (B1) da mina Córrego do Feijão, mina esta controlada e administrada pela Vale, no município de Brumadinho, em Minas Gerais. A cerca de 70 metros de altura do chão, eles tinham acabado de perfurar o solo para instalar um equipamento capaz de medir a pressão interna do reservatório. Mesmo com o sucesso da missão cumprida, não tiveram tempo para comemorar, porque a barragem que armazenava o equivalente a 400 mil caminhões pipas de rejeitos da mina se desfez em uma enxurrada de lama.

O maior desastre humanitário do Brasil foi uma tragédia anunciada. A Vale sabia que não haveria chance de fuga nem local de zona de autos-salvamento. Com triste precisão, os cálculos da Vale estimavam que, em caso de vazamento, o mar de lama poderia matar mais de 200 pessoas, infelizmente foram 270 e 6 ainda continuam sendo procuradas pelos bombeiros. 

Até hoje ninguém foi julgado e condenado de forma que possamos acreditar na Justiça Brasileira. Dizem que o Ministério Público do Trabalho e a Vale “assinaram” um acordo que indeniza em 700 mil cada cônjuge, filho e pai de funcionários da companhia, de forma individual. Mas veja bem: funcionários da Vale; mas todos em Brumadinho eram funcionários da Vale? Não. O dito acordo prevê indenização para terceirizados? 

Uma das definições da palavra “prever” diz: “Pensar em algo que vai acontecer”. O que vai acontecer quer dizer que não aconteceu ainda, e é exatamente isso que está ocorrendo em Brumadinho. O técnico Lielzo, que estava no alto da barragem minutos antes da tragédia, até hoje, lembrando que esse até hoje já perfaz três anos, não recebeu sequer uma ligação da Vale. 

Em verdade, o dissimulado acordo não é transparente e não contou com a participação das vítimas afetadas pelo desastre. O Estado e as instituições de justiça dizem ser representantes legítimos das vítimas atingidas pelo lamaçal fabricado pela Vale nas negociações. Agora me responda, você confia no Estado corrupto? Você confia nas instituições de Justiça farsantes? Entendamos: não existe reparação justa sem a participação dos que foram prejudicados.

O fato é simples, há 3 anos na cidade de Brumadinho uma tragédia anunciada aconteceu. E há 3 anos familiares das 270 vítimas aguardam por justiça, num país onde as leis existem para poucos, e a justiça é somente uma palavra bonita. 

O povo brasileiro já faz tempo que dá sinais de um povo desnorteado, perdido, desesperançado, descrente… O que resta de tudo isso é um número grande de inspiração. Sim! Inspiração, estímulo! Cresce o número dos inspirados em nossos políticos corruptos e ladrões, na tragédia impune de Brumadinho, que percebendo que o nosso país é uma terra sem lei, um “faroeste caboclo”, como cantava Legião Urbana, a indústria dos golpes, dos atestados médicos falsos, do comprovante de vacinação do covid19 falsificado, dos que se apropriaram do auxílio emergencial de forma indevida, do dinheiro desviado dos cofres públicos, da basílica no centro oeste, desabrocham. 

Ufa, assim caminha a humanidade, o “Brazillll”… Mas não perco a esperança de que ainda vamos acordar e entender que justiça não é o ato que tem que acontecer apenas quando eu fui injustiçado… Brumadinho clama por justiça.

Abraços,

Frei Edmilson.

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