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Frei Edmilson:”Já não temos mais profetas”

Permita-me caro leitor e leitora brevemente falar um pouquinho sobre a missão de um profeta. No final do texto talvez você compreenderá o porquê dessas palavras. 

O profeta é um mensageiro de Deus, e um mensageiro é portador de uma mensagem, de uma palavra que não é sua. Não cabe ao profeta decidir se vai ou não anunciar a mensagem divina, bem como se anunciará plenamente ou pela metade. Deus confia ao profeta uma palavra plena, cortante e penetrante como espada de dois gumes. Esta palavra dura para a vida eterna é a única capaz de salvar. Esta palavra é como a chuva que cai sobre a terra, gerando frutos abundantes de vida e santidade. É fundamental estarmos cientes que não há palavra humana que seja capaz de revogar a palavra divina, pois o que esta promete, realiza. Assim, Deus envia o profeta para proclamar esta palavra, a fim de que haja vida no mundo. O profeta é um homem de gesto, e Deus concede ao gesto do profeta a condição de atrair e de transformar. O gesto profético não tem a finalidade de promover o profeta, mas sim de apontar para Deus, pois é Deus quem confere ao gesto profético possui um caráter de anúncio e denúncia. Não são gestos grandiosos nem espetaculares, mas simples e cotidianos. Deus se manifesta a partir das pequenas coisas, a partir daquilo que as pessoas julgam insignificante e sem força. 

A tradição bíblica revela que o profeta é uma pessoa escolhida por Deus, é sempre alguém do povo, do meio do povo. Um dado importante, Deus suscita o profeta entre os pobres. Na história da igreja encontramos profetas oriundos de famílias ricas, mas ao receberem o chamado, a missão de Deus, abandonaram tudo para assumir a missão profética. Um exemplo vivo é São Francisco de Assis, que abraçou a pobreza, assemelhando-se a Jesus, e se transformou em um grande profeta para a Igreja de sua época e dos tempos posteriores. O profeta sabe que precisa se fazer pequeno e humanamente frágil, para que as forças e a grandeza de Deus se manifestem. 

O profeta é um homem da palavra, do gesto e da pequenez. Não é alguém que procura prestígio, pedestais, audiência, riquezas e poder. O profeta é chamado, como já afirmei, a anunciar, denunciar, e levar aqueles que o ouvem a se encher de esperança. 

Em nossos dias o que não falta por aí é gente se intitulando profeta, profetiza, onde não possuem o mínimo de responsabilidade com seus irmãos, por meio de “profecias” ou “visões”! Esses estão mais para videntes do que para um profeta! É um tal de “Deus me mandou dizer” em que muitas vezes eu me pergunto: Será que Deus precisa mandar dizer isso? Será que Deus perderia tempo com isso? Visto que o profeta é voz do anúncio, da denúncia e da esperança, tem coisas muito medíocre que Deus “anda mandando dizer por aí”. Como já afirmei, tais pessoas que se dizem profetas hoje estão mais para videntes, sem entrarmos no mérito de um distúrbio psicológico sério, onde ninguém é capaz de assumir tal responsabilidade.  Isso gera, como já falei inúmeras vezes, uma imbecilização da fé. Sobre esse assunto creio que é perder tempo tecendo outros comentários. 

Por outro lado, hoje não vemos a existência de grandes profetas em nossos dias, a igreja católica perdeu um legado rico de grandes bispos verdadeiros profetas, e esses não fizeram, ou não deixaram que se fizesse discípulos. O último grande profeta foi Dom Cláudio Hummes, que partiu a poucos dias.

Mas sobre esse assunto me permitam abordar no próximo artigo.

Abraços,

Frei Edmilson.

 

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