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Joaquim Manoel de Andrade não foi cofundador de Santa Cruz do Rio Pardo

Quando da qualificação administrativa para Santa Cruz, como freguesia em 1872, Joaquim Manoel de Andrade destacou-se líder, e seu nome, desde então, a ilustrar os principais cargos, por eleições ou nomeações. 

A história identifica-o respeitável cidadão, religioso prestante, fazendeiro, criador de porcos, dono de serraria, capitalista e escravagista, nascido em Pouso Alegre -MG, aos 12 e batizado a 20/11/1825 (Eclesial), filho de João Bernardino da Silveira e dona Bernardina Jesuina de Santa Catarina (Projeto Compartilhar, pesquisa de Paola Dias, Cap. 4º – Ângela Pires de Moraes: 9.8).

— São os seus irmãos e irmãs conhecidos, não necessariamente na ordem cronológica: 

– Floriana Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG, LB 1825/1825: 95; e LM 1832/1856: 47;

– João Bernardino Silveira: Airuoca-MG LM 1787/1814: 246;

– Joaquina Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 38;

– José: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 156;

– Manoel Joaquim de Andrade: LM 1832/1856: 29;

– Maria …: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 103;

– Marianna Esméria de Jesus: Pouso Alegre-MG LB 1815/1823: 94; e LM 1832/1856: 34;

– Messias José de Andrade: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 11.

Joaquim Manoel de Andrade apresentou-se no sertão paulista, com dois irmãos identificados, Messias José de Andrade e Manoel Joaquim de Andrade, sendo Messias José pioneiro no Turvo/Alambari, enquanto Manoel, associado a Joaquim, adquiria uma fazenda de campos e matas, aos 19 de dezembro de 1851, na qual inserida a sede que se tornou a povoação de São Domingos.

O sócio e irmão Manoel seguiu rumo para Lençóis Paulista, enquanto Joaquim iniciou história santacruzense em 1870/1872, como rico fazendeiro, conhecido primo-irmão do homônimo desbravador no Turvo e Capivara, e do pioneiro-mor José Theodoro de Souza, sendo irmãs as mães dos três, respectivamente Bernardina Jesuína de Santa Catarina, Mariana Rosa da Assunção e Maria Teodora do Espírito Santo (Projeto Compartilhar, Família Bernarda Maria de Almeida). 

Andrade se tornou importante nome na história local, de 1872 a 1891, elegido o 1º Juiz de Paz de Santa Cruz, em 1875 – pleito anulado em 1876, depois eleito vereador em 1876 para a primeira legislatura (1877/1880), consagrando-se como o primeiro Presidente da Câmara, e reeleito para o cargo em outras oportunidades disputadas. Em 1884 integrou o Rol de Ilustres, pela Câmara Municipal, ofício de 12 de novembro de 1884, para compor a comissão responsável pelas obras da Igreja Matriz. Respondeu, ainda, por cargos púbicos em nomeação: Delegado de Polícia – 1877 (Diario de S. Paulo, 25/11/1877: 2), Coletor de Rendas – 1879, e, designado Presidente do Conselho da Intendência Municipal – 1890 até sua morte em 1891.

Joaquim Manoel de Andrade casou-se com Umbelina Maria de Jesus ou Ferreira do Nascimento, em São João do Jaguary – atual São João da Boa Vista – SP, aos 09 de novembro de 1845 (Cúria Diocesana de São João da Boa Vista, Matrimônio, apud Henrique Dias da Silva Junior – pesquisador/historiador – Assis-SP, CD: A/A 05/09/2017), sendo ela nascida em Pouso Alegre – MG, onde batizada aos 12 de maio de 1833, com a idade de 13 dias, (Batismos, Livro 1825/1837: 285,), filha de Manoel Antonio Rodrigues e Maria Ferreira, sendo testemunhas do casamento Domiciano José de Andrade e Manoel Antonio Rodrigues. 

O casal teve os seguintes filhos conhecidos: 

-Maria (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 134, aos 04/04/1847 – Records Preservation);

-Bernardino (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 159, aos 02/04/1849);

-José (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 181, aos 24/04/1851);

-Manoel (Batismo: Botucatu, LB 1849/1856: 54, aos 30/07/1853, idade de seis meses); 

-Theodora (Batismo: Botucatu, LB 1856/1859: 81, aos 04/09/1858, idade de seis meses); 

-Joaquim (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 68, 05/02/1860, idade de 20 dias); 

-Antonio (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 85, aos 01/09/1861, idade de oito dias);

-João (Alistamento Eleitoral: SCR.Pardo, ano 1890, nascido por volta 1862); 

-Silvestre (Matrimônio: SCR.Pardo aos 31/10/1891, nascido por volta de 1868); 

-Pedro (Alistamento Eleitoral: SCR. Pardo, ano de 1891, nascimento 1869); 

-Benedito (Batismo: SCR. Pardo, LB 1872/1879: 11, aos 26/01/1873, idade de cinco meses). 

-Thereza (Batismo: SCR Pardo, nascimento em 1875).

Andrade faleceu aos 26 de dezembro de 1891, com a idade de 66 anos, em plena atividade política, como Presidente da Intendência do Município, e seus despojos acham-se sepultados na Igreja Matriz de São Sebastião juntamente com os de sua mulher, Umbelina Maria de Jesus, morta em 09 de agosto de 1896. 

Não se tem notícia oficial que o chefe do clã dos Andrades, em Santa Cruz, pertencera à Guarda Nacional; no entanto, referência do padre Andrea Barra em São Domingos, aos 21/02/1858, identifica-o Major e escravagista, na celebração de Missa de 7º Dia pela ‘alma do escravo Pae Manoel Thiburcio’ (Eclesial, Livro de Batismos, Matrimônios e Óbitos, SCR. Pardo, 1856/1884). 

Noutra alusão foi mencionado como “Capitão” (Correio Paulistano, 17/07/1941: 12), todavia as ausências de referimentos oficiais inviabilizam qualquer assertiva, quando se sabe de três homônimos no sertão paulista da época.

Joaquim Manoel de Andrade teve grande importância na história local e a ele quase tudo se deve na formação do lugar e até transformou-se, nas lendas e tradições, como cofundador de Santa Cruz, o que histórica e documentalmente não procede.

-o-

*Histórico extraído integralmente do original SatoPrado: https://santacruzdeantigamente.blogspot.com/2015/09/os-coroneis-e-mandatarios.html 

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