Publicado por Guilherme Queiroz em Veja SP
Wellington Henrique Cirino Cardoso tinha 25 anos de idade e cursava administração na Universidade Federal de São Paulo. Pouco antes de ser encontrado morto no dia 3 de março, uma quinta-feira, o rapaz estava radiante, segundo relatam amigos: tinha acabado de se mudar para um novo apartamento, na esquina da Rua Matheus Grou com a Arthur de Azevedo, em Pinheiros.
A morte repercutiu nas redes sociais e logo começaram boatos sobre um suposto “serial killer” que estaria matando homens gays em São Paulo. O caso do ator Luiz Carlos Araújo, encontrado morto em setembro do ano passado, também com um saco plástico na cabeça, foi citado. Não há, contudo, evidências que sustentem a hipótese até o momento.
A MORTE DE WELLINGTON
Os últimos dias de vida do jovem, natural de Santa Cruz do Rio Pardo, foram de festa. Acompanhado de amigos, curtiu a noite em baladas paulistanas entre a segunda e a terça-feira de Carnaval. Na quarta-feira, dia 2 de março, não respondia mais aos colegas no WhatsApp, causando preocupação.
“Quando eu mandei uma mensagem e vi que não foi recebida pelo telefone achei estranho”, lembra Marcela Lopes, 48, amiga próxima da vítima e advogada criminalista, representando a família no caso. Na quinta, com as suspeitas de que algo poderia estar errado, outro amigo se dirigiu até o apartamento e encontrou o rapaz morto no chão do próprio quarto, com sacos plásticos amarrados na cabeça.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, ao qual a reportagem teve acesso, os vizinhos acionaram a polícia após o corpo ser encontrado. Wellington trajava um terno azul que ainda continha a etiqueta da loja e também estava com um pedaço de pano amarrado ao redor do pescoço. Embaixo de sua cabeça havia uma poça de sangue.
Próximo do corpo, uma camisinha usada e, na região da barriga, um pó de cor branca. A família e os amigos descartam suicídio e acreditam na hipótese de assassinato. O rapaz usava drogas, mas não cometia excessos, dizem pessoas próximas. No chão do quarto e na cama, objetos pessoais, roupas e calçados estavam revirados.
“A gente tem certeza absoluta que não é suicídio. Eu falei com ele dois dias antes e ele estava empolgadíssimo sobre o apartamento”, diz Mônica, que conta que antes de se mudar Wellington já morava em Pinheiros. “Ele tinha esse costume de marcar encontros por aplicativos e as circunstâncias que ele foi encontrado, casa revirada, sangue embaixo da cabeça…”, afirma Marcela, que também acredita que o amigo foi assassinado.
O caso foi registrado como morte suspeita no 14º DP de Pinheiros.
SUPOSTO SERIAL KILLER
Após a morte de Wellington, centenas de contas no Twitter começaram a aventar a possibilidade de um “serial killer” atuar na cidade, fazendo como vítimas homens gays com contas em aplicativos de namoro.
O UOL revelou ainda um terceiro caso de um homem que foi encontrado morto com um saco plástico na cabeça na Mooca. O gerente de um hotel encontrou a vítima, de 39 anos de idade, sem vida em cima da cama de um quarto. De acordo com o site, até o momento a principal hipótese é de suicídio.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que, até o momento, não há relação entre as mortes. “O caso é investigado por meio de inquérito policial pelo 14º DP que atua em buscas de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial.”
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